Ando tão sensível, como se não houvesse pele alguma me
protegendo do mundo, e se tudo que me
tocasse atingisse diretamente minha mente, meu coração, meus sentimentos. Tudo
que acontece no mundo se aplica numa magnitude estrondosamente maior à mim, o
que não é de todo ruim. Um momento de alegria rotineiro acabo por guardar como
memória inesquecível, todos os bons dias são os melhores da minha vida. Mas
quando não está tudo bem... As vezes me acho exagerada demais, complicada
demais, a flor da pele demais. Demais.
Historias demais. Tenho historias demais. Ninguém sabe delas
um terço. E por esse motivo me sinto julgada, super exposta e mal apreciada.
Sinto falta da apreciação, não sinto da exposição. No sentido figurado da
palavra que é: distorção forcada. Exemplo: “essa interpretação é um estupro do
poema”. Estou farta de tantas distorções, de tanto ser forçada. De tantas
memórias, de tantos estupros, e de tanto falar nas entrelinhas . Tanto.
Nunca me senti tão bem comigo mesma, tão mal comigo mesma.
Estou precisando de reformas, mas não sei fazê-las sem uma terceirização por
menor que seja. O vândalo da minha fachada se foi, a dona da casa está de luto,
o possível futuro pintor mudou de profissão. Virou reparador de outro tipo ou
foi pintar telas puras e bonitas?
Não suporto mais esse luto, essa cor preta que emagrece e me
faz tão mal. Quero usar branco, quero ser pura. Não posso usar branco.