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domingo, 23 de março de 2014

For The Unemployed And Underpaid

  Só valhe dizer que em alguns dias acontecem muitas coisas e em outros não. O quão boa foi a noite de ontem se compara ao quão ruim foi a de hoje. O dia, até. 
  As luzes vermelhas me confundem e seus olhares também. 
  Há muito que eu gostaria de dizer aqui mas não posso. 
  Me dá vontade de fugir; para uma praia deserta, uma selva de pedra ou um par de braços.
  Digo e repito: o maior problema nesse lugar não é saber o que se quer, mas sim lidar com isso.
  Me dá vontade de fugir para lugares que nem conheço, o comforto da desatualizada ideia de lar ou um par de braços que não cheiram à nada além de pele. "I have my eyes on you, Bitencourt". As luzes vermelhas que me confundiam e sua cabeça em meu colo.
  Janta, as luzes da cidade e Holanda. Eu quero é fugir, não importa para onde e por quanto tempo.
  Velhas expressões e hipocrisias das quais eu não me salvo; a definição de hipocrisia é mesmo eu não me salvar, afinal. Não penso com minha cabeça, mas tambem não é outra que penso. Não quero perder tempo mas também não vou atrás. A bagunça do meu guarda-roupa tem uma ligação direta com a bagunça da minha cabeça que talvez eu também não queira arrumar.

  

terça-feira, 18 de março de 2014

Pop

  Em tempos de tristeza,é bom pensar em coisas que lhe deixam feliz. Entrei em meu quarto, abri a gaveta e agarrei uma pilúla para a dor de cabeça e o meu balão mais bonito. Vermelho. Escrevi uma mensagem com minha sharpie preta e enfiei um chocolate do meu favorito. Bati na porta de seu quarto, lhe deixei o balão e a si mesmo com uma cara de perdido. Enquanto eu saia de Montezuma, ouvi um pop.
  Poucos minutos depois, ouço um toque em minha porta. Poem a cabeça para dentro e diz 'o balão estourou antes que eu pudesse ler!' com uma falsa cara de tristeza. Rimos enquanto sentou na minha cama e eu dizia o que havia escrito no balão enquanto comiamos mais chocolate.
  'You should come to Canada', disse brincando e de boca cheia.
  Como eu gostaria de ir para o Canadá.

Coisas que eu deveria fazer (I always knew)

  Eu acho que as vezes (sempre) me falta um post ou outro que sejam mais sobre a vida aqui no colégio, o academico, o que eu ando fazendo, e não somente sentimentos aleatorios. Escrevo esse, por exemplo, enquanto deveria estar escrevendo minha redação de Historia, mas procrastino ao invés.
  O academico anda... Peculiar. Por mim, diria que anda bem. Poderia melhorar em matemática, começo a gostar mais de E Systems, Historia é a maravilha de sempre, em Artes JuanPa continua me enlouquecendo, o que tudo bem - me traz mais ideias que ele me manda por em prática. Desisti de Portugues Self Taught e agora tomo Espanhol B SL; extremamente fácil, e Johnny (o professor) vive numa constante tentativa de me tirar da classe. Ingles, aos meus olhos, vai bem. O que anda dificil é os olhos dos outros, e perceber que a maior pressão para mim não vem dos meus professores, diretores e nem de mim mesma. 
  É dificil se reafirmar nesse lugar. Semana passada tive um certa crise. Veja bem, fofoca existe, é até meio idiota achar que aqui não; mas a fofoca vindo da staff, sem saber o que diz e porques detrás do que passa, comentários maldosos vindos de amigos e certos problemas logisticos com tortillas me fizeram parar no quarto do Pietro (Brasil) chorando sobre tacos até cair no sono.
  Não quero parecer uma hipócrita e deixar passar que minha vida anda meia boca porque não é verdade - não são tempos ruins ou dificeis, só complicados. Não ando querendo lidar com nada muito sério, ou por dizer, que traga stress maior. Foi por isso que evitei uma conversa sobre sentimentos (ou a falta deles) com Max, tendo como argumento principal em nossa conversa que bem, eu não queria conversar. A verdade é que o tempo aqui é muito curto e não há tempo para tudo - sendo conhecer pessoas ou fazer todas as atividades que se deseja. O academico tem um padrão de me enlouquecer um par de semanas por trimestre e depois ser maleavel, e decidi adiministrar meu tempo melhor para poder me enlouquecer um pouco menos. E decidi tambem que não havia tempo para Max, ou lidar com essa situação, por mais duro que pareça. Me parece muito mais importante e prazeroso nesse momento ter tempo para tomar o academico mais a sério, dedicar tempo a novas e antigas amizades, aproveitar o tempo que resta com meus segundos anos. Eu sei que a vida não é feita só das coisas que gostamos, mas prefiro muito mais passar minhas noites em upstairs Cahuita com meus amigos do que ter conversas desconfortaveis. Prefiro muito mais os abraços do Evan, conversas com Alice antes de irmos dormir, os conselhos nada de pai do Michael, ou a mera existencia da Valeria e da Marcela. Se devo dividir meu tempo de alguma maneira aqui pelos proximos dois meses, será assim.
  Muita coisa aconteceu no colégio nesse ultimo mes. West Side Story finalmente acabou, e comemoramos nos dois dias no Amigos. Dois alunos do UWC-USA vieram passar uma semana conosco e eu meio que desejei que eles ficassem pra sempre. Semana da mulher passou em um estalar de dedos, mas foi incrivel. No sábado, passamos a tarde toda na sala de arte pintando nossos corpos, ouvindo musica e conversando, um dos meus melhores dias aqui.
  Para essa semana há, IA de E system, prova de matematica, Written Task de Ingles, apresentação de TOK, aniversário do Lino e muita coisa que ainda nem sei.
  Andei frustrada por esses assuntos de saber; me arrependi de coisas que fiz, e sabia que estava fazendo - me recuso a culpar qualquer variável externa pelos meus atos. Não foi a conversa com Lino atrás de Mal Pais na noite do sabado passado que magicamente fez tudo tão errado: já estava errado antes, ele só me fez perceber. Coisas que eu deveria ter feito, ou até deixado de fazer; mas que eu sempre soube.
 Eu sempre soube.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Há grande paz nesses tempos de caos

  Achei que o que postei ontem merecia um novo caminho:

"Caminhavamos de volta ao campus Clara (Chile/Holanda) e eu quando a luz de Santa Ana se acabou, por volta das dez da noite. A falta de qualquer coisa aos meus arredores que tivesse energia me sufocou, me senti vivendo numa bolha de verdade, coisa que nunca passaria na massiva São Paulo. A falta de qualquer energia em meu interior se demonstrava pelos meu tom de voz elevado e o nó em minha garganta enquanto argumentava com Clara que sempre me respondia em voz calma. 
  Carregava um sorvete em minhas mãos e outro em uma sacola, e não sabia se eu comia tudo tão rapidamente por medo de derreter ou ansia nervosa - história da minha vida. Fui à Montezuma, mas voltei dez minutos depois. Não respondi ao que me disse porque não sei mais nem o que dizer à mim mesma, quem dira os outros."...
  ...Voltei ao #1 pouco tempo depois, e quando sai já bem mais triste do que havia entrado, acabei cruzando com Evan (Canadá) que parecia estar sempre no lugar certo na hora certa, mas substitui sua companhia logo por outra que me vale ainda mais. Uma intensa conversa, mas necessária. Um click, e tudo estava em seu lugar e a bagunça de sentimentos e lagrimas da situação acabou trazendo uma certa paz. (dessa vez, isso é uma indireta bem direta à você, que sabe do que eu estou falando. Pela milésima de milhões de vezes, eu te amo). 
  Caminhamos de volta ao #1 que voltou a ser meu #2 lar. Cantavamos Pietro (Brasil) e Max (USA) sobre nunca ter que ver a cara de Ali (Iraque) de novo. Quando deitei em minha cama em Cahuita #5, encontrei um bilhete que dizia 'espero que isso lhe faça sentir melhor, -Evan' e um macaroon da Feria Verde, meu favorito. Dormi feliz.
  O dia seguinte passou bem; ensaio do musical, pizza de almoço com Vilde (Noruega) e terminar meu dia em Montezuma #1, escrevendo no escuro com um Pietro que já adormeceu. Há milhas de distancia, converso com Sofia que como sempre me traz uma certa realização: "me sinto tão mais tranquila mesmo que dentro dessa loucura.. quer dizer, ainda sou oito ou oitenta, amo ou odeio, mas sei lidar com isso e esse é o meu estavel". A verdade é que, as coisas nunca foram tão boas mesmo estando um certo caos. 

terça-feira, 4 de março de 2014

40 dias e 40 noites

  Caminhavamos de volta ao campus Clara (Chile/Holanda) e eu quando a luz de Santa Ana se acabou, por volta das dez da noite. A falta de qualquer coisa aos meus arredores que tivesse energia me sufocou, me senti vivendo numa bolha de verdade, coisa que nunca passaria na massiva São Paulo. A falta de qualquer energia em meu interior se demonstrava pelos meu tom de voz elevado e o nó em minha garganta enquanto argumentava com Clara que sempre me respondia em voz calma. 
  Carregava um sorvete em minhas mãos e outro em uma sacola, e não sabia se eu comia tudo tão rapidamente por medo de derreter ou ansia nervosa - história da minha vida. Fui à Montezuma, mas voltei dez minutos depois. Não respondi ao que me disse porque não sei mais nem o que dizer à mim mesma, quem dira os outros.
  Só nomeei esse post 40 dias e 40 noites porque já começa a quaresma e Alice (Irlanda) e Valeria (Espanha) discutem sobre isso ao me lado. Todo mundo abrindo mão de algo sem nem sequer um dever religioso, e Alice me disse que era para "apreciar mais" as coisas depois. Será?

segunda-feira, 3 de março de 2014

"Nunca teve olheiras. Nunca conheceu o amor"

  Deitavamos juntos na minha cama, em Cahuita #5 assistindo um filme. O quão detalhado esse escrito é é tão detalhado quanto o que passou. Ou não passou. Fechou seu computador ao fim do filme e ao fim do dia - já era mais de meia noite. Deitamos-nos a poucos centímetros de distância quando havia distância alguma. Cai no sono com ele me olhando e acordei quando sai da cama.
  Passei o dia todo irritada. Evan (Canadá) me olhou na cafeteria e me perguntou o que havia passado, e eu respondi com um 'eu nem sei mais o que está acontecendo'. Me abraçou, riu e disse que ia ficar tudo bem. Reclamei da vida mais tarde em Flamingo #5 com Marcela (Brasil) e me empanturrei de cookies com Vilde (Noruega) e Alison (UK). Terminei o assunto com Evan durante o jantar e ele riu ainda mais. Um click.
  Algumas perguntas não tem respostas, e algumas respostas não tem explicação. Um dia relativamente bom se transforma em um dia frustrante tão rapidamente... Mas a maioria das perguntas tem sim resposta, o que falta é encarar. Encarnar. Lidar. E tudo que vem acontecendo me leva ao meu limite - de alegria, de raiva, de ira, de querer. Toda moeda tem dois lados, e todo mundo ignorou é a minha cara. Ninguem encara que coroa é passado. Que o tempo passa. Antes consumia meus pensamentos, e agora consome meus nervos - de todas as maneiras possíveis.
  Hoje não há filme e nem seus olhos à pairar. Não há par de olhos nenhum. Ninguem vela por mim hoje. Ninguem vela e eu só me queimo.
  

domingo, 2 de março de 2014

17

  Meus dezessete anos começaram na quinta-feira passada, no meio de uma rainforest em algum lugar da Costa Rica. Monteverde era lindo. Voltei de uma caminhada noturna em busca de sapos quando encontrei, de volta na cabana, um parabens inusitado (em inglês, espanhol e português, como sempre aqui no UWCCR) e um bolo feito por Alice (Irlanda) e Alison (Canadá). O  dia seguinte passou bem, muito bem. Com direito a mais bolo, mais Costa Rica e mais gente incrível. Dividi o quarto com Clara (Chile/Holanda) e me vi desabafando com ela durante a noite do meu aniversário - triste, mas tambem farta de aguentar tudo que vinha passando - e vi que era hora de mudar. 'Eu realmente acho que você devia seguir seu coração... E só'. Desenhei minha primeira landscape, para minha surpresa. Percebi quantas primeiras vezes ainda tenho e quantas coisas novas ainda posso fazer.
  Voltei para o colégio já saudosa do campus. Amei Valeria (Espanha, roommate) por uma boa meia hora e depois fui para Montezuma. Um abraço apertado, 'i missed you', e as coisas ainda eram as mesmas.
  Meu terceiro dia como uma mulher de dezessete anos foi um dos meus melhores aqui. Acordei cedo, e com Alison (UK) e Clara fui em uma aventura em San José. Fomos à Feria Verde, onde comi falafel, macarrons e uma bebida um tanto quanto mágica, à vários brechos (onde compramos jaquetas bregas e combinando), um museu de arte onde me sentei pacíficamente com Alison por um bom tempo, e um café meio hipster em que fizemos um pouco de arte e comemos um brownie meia boca na sacada. Voltamos as três felizes e pobres lá pelas seis da tarde.
  Saí meio foragida do meu quarto lá pelas oito e fui ao Pollos Male com Max (Alasca), mais um lugar em que ele se mostrou frustrado em eu não o deixar pagar a conta. Andamos de volta ao campus e depois ao Amigos, onde Evan (Canadá) me pagou um shot de tequila pelo meu aniversário. Tive uma boa conversa e ri muito com ele e Lino (Alemanha), duas pessoas com as quais eu nunca me veria amiga no passado.
  De volta ao campus, e a Montezuma, deitamos em sua cama para assitir um filme. Ali (Iraque) disse que deveriamos ser um casal. Ninguem falou nada. Assistimos o filme até eu me pegar cochilando, quando decidi voltar para o meu quarto, de onde escrevo agora.

                                                      Falafel e bebida mágica na Feria Verde


Eu, Alison (UK) e um brechó



Na galeria de arte



Alice e meu aniversário em Monteverde


Arte no café hipster


Cachoeira em Monteverde


Uma justa intervenção em San José

É que eu prefiro morrer de overdose

  Fazia frio quando eu voltava do Multiplaza com a Vilde (Noruega, roommate) no domingo a noite. Justo eu, que esperava mais calor durante a dry season encontrei é um frio que me surpreende a cada dia mais. Não haviam muitos carros na pista lá pelas dez da noite quando coloquei minha cabeça para fora da janela do taxi. O vento me sufocava, e me maravilhava o fato do excesso de algo acabar lhe dando é falta.

   - Sabe, se eu fosse me matar, eu me jogaria de um prédio. Quero morrer é de excesso, não de falta.
   - Eu me jogaria na frente de um trem. Rápido. Sem dor.
   - Ew, Vilde.
   - Qual o problema?
   - Nenhum. Só imaginei que você ia querer morrer de uma maneira mais classuda.

   Memórias vagas de uma conversa profunda de uma semana atrás.