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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Porque no tengo ganas

  Não são muito altas as espectativas que tenho por aqui: minhas notas, bem na média, não me satisfazem mas também não ocupam muito tempo em meu pensamento, o que me levou deixar historia de lado e assistir 'When Harry Met Sally' com Vilde (Noruega, roommate) e Valeria (Espanha, roommate) mesmo eu odiando filmes. Dormimos as três antes da metade do filme, juntas na cama conjunta que eu e Vilde bolamos. Foi assim sem nenhuma pretensão tambem que em meio a noite Vilde e eu surrupiamos uma mesa da biblioteca para nosso quarto, o que gerou muitas risadas e um quarto que cada vez parece mais meu, nosso.
  Com muita sinceridade mandei uma mensagem para o francês, um hang out marcado para o dia seguinte e um convite de ir sempre ao seu quarto, como nos velhos tempos.
  Meu dia, que ia uma desgraça, rendeu ao conversar com Alice (Irlanda, meio-roommate) e Vilde sobre tudo que passava. Me agradava ouvir as estorias de Alice e me maravilhar cada vez mais o quão fantastica ela era. A conversa, de alguma maneira, foi parar no futuro e na preocupação de Vilde em ir para Stanford. Realizei que um futuro pacato e feliz era o que eu queria: um pequeno apartamento em uma grande cidade, numa pequena faculdade seguindo uma carreira que me alegre - jornalismo, ou talvez artes - e alguem para dividir tudo isso. Nenhuma Ivy League, nenhuma medicina, nenhuma fortuna nos Estados Unidos.
  Todo tan contente, porque no tengo ganas.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Você está na minha casa, mas não é ela

  Uma nostalgia, uma brasileira saudade até diria de tempos não tão longinquos mas já tão passados me atingiram sentada numa mesa no estúdio de artes. Sentados frente a frente, ele usava a camiseta amarela que eu havia dito ser minha cor favorita e que ele havia respondido com "I'll keep that in mind", trabalhava em sua peça da qual havia se gabado.
 Seu cheiro exalava na sala, ou só em minha atmosfera mesmo - tão atenta para perceber. Seu cheiro que me lembrava do pequeno quarto em Mal País em que passei tanto tempo há não tanto tempo atrás. Queria voltar às nossas caminhadas por Santa Ana durante a noite com o pretexto de tomar um smoothie mesmo ambos sabendo que a loja estaria fechada - todas as caminhadas que nos levaram àquela noite em Puerto Viejo em que só havia seu cheiro em todo lugar.
  Peguei-me divagando tanto quanto agora, resgatada de minha memória com o "não baba" de Pietro (Brazil). Voltei ao trabalho, a conversa era leve, a atmosfera tambem; talvez minha melhor aula de artes até então. Eu trabalhava na minha peça que JuanPa (professor de artes, Colombia) chamava de Tarsila; Margot tirava fotos de seus bebês azuis demoniacos pelos quais eu era louca; Indi (Costa Rica) trabalhava com aquarelas roxas num retrato um tanto quanto impressionante; Pietro rodava pela sala à procura de inspiração; Malte (Alemanha/Hong Kong) cuidava da música da sala e dava palpites artisticos no cartoon dele. Todos sorriam e trabalhavam, felizes por estarem ali.

"If I don't fuck up this paper by the time my piece is ready, is already a miracle"
"Now tell me something you don't fuck up, Vitória"