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terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Um passo para trás, dois para frente então

Voltar pro Brasil em dezembro foi a melhor decisão que eu poderia
tomar - pra perceber então, depois de gastar uma certa grana e horas
de viagem, que esse não é meu lar. Pra entrar em minha "casa" e me
lembrar de tudo que já vivi aqui, um encontro com a velha eu que me
fez perceber que mudei. E que, de alguma maneira, ha algo sobre esse
lugar que sempre vai me puxar para tras, e não numa boa maneira. Eu
não tenho mais uma vida para chamar de minha aqui: umas poucas pessoas
que realmente me importo, um par de coisas que deixei para trás antes
de partir, mas nada como uma vida como construi de volta na Costa
Rica.
Esses dias serviram com certeza para me reafirmar - das minhas
incertezas e do que eu não queria encarar. O UWCCR é sim o meu lar,
mesmo que só por um certo tempo. Acordar irritada com o despertador é
horrivel se o despertador não é da Valeria. Que as coisas talvez não
estejam tao ruins com o Sogy - que talvez o problema estivesse todo na
minha cabeca, e estamos bem. Que extrano demasiado Sebastian e Margot.
Que, Deus, me sinto inutil sem fazer nada.
Tambem pra perceber que sou capaz de muita coisa. Um ano atras, eu
sonhava com UWC, que parecia ser inalcansavel. Hoje estou aqui,
contando os dias para voltar para esse lugar que chamo de home. E não
ha ninguem que vai me impedir de fazer todas as coisas que eu e Margot
concordamos em ser 'As coisas que eu morreria triste se não fizesse'
(escrever um livro, viver um grande amor, aprender frances, ter
filhos, tocar violao, mas não, piano não).
Voltei para ver o quanto mudei, o quanto permaneci a mesma, colocar de
volta no lugar o que perdi, como o habito da escrita. Voltei pra ver
que não sou daqui, e agora sou de la, e daqui a dois anos quero ser de
outro lugar totalmente diferente. Que sou feliz sozinha e que quero
volver luego, loco. Daqui ha uma semana volto pra Costa Rica - meio dia
de viagem, quatro na casa do Sebastian para depois voltar para a
rotina. Com um pensamento compartilhado da minha entrevista, algo da
velha eu que se mantem na eu de agora: qual é o problema com a rotina
se gostamos dela?

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

I ain't gonna ask again, I am not gonna do a thing

  Falta exatamente uma semana para eu voltar pro Brasil, e eu não quero nem escrever isso aqui. Acordei hoje e decidi não ir a aula, sabendo que só teria self taught e historia. Passei boa parte do meu dia trabalhando em algo pelo qual eu estava apaixonada, que estava planejando a tempos e agora já me frustra, já que "todo mundo vai embora em uma semana". Vilde esta de mal humor e mal nos falamos. Me irritei com Valeria que conversava alto com Gaia (México) e me acordou. Trabalhei sozinha a noite na sala de artes em algo que traduz totalmente meu astral. Ela passou do meu lado no corredor e eu quis sair correndo. Minhã mão ainda dói. Mal falei cem palavras hoje. Não podia nem sair do campus pra comprar um doce e meu choro fazer sentido.
  Só falta uma semana.
  Só não pensei que seria uma péssima semana.


  (Uma semana para: deitar no chão frio do quarto do Victor. Conversarmos tomando suco de laranja de peixinhos que a mãe dele faz. Só uma semana.)

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

.

  Uma realização com Marcela (Brasil) enquanto andavamos em direção a Cahuita; o choro no escuro abraçada com Vilde (Noruega, roomate) e Valeria (Espanha/Moldova) em que fingi que o aperto em minha garganta era só o braço de Vilde em torno do meu pescoço; uma conversa com Indi (Costa Rica) e poucas horas depois.
  Seu cheiro, suas roupas; tudo que poderia ter sido, que foi, que nunca sera. Sua figura do outro lado do vidro no Social Center. Você estava de camisa branca, mas até então todo mundo estava. Você não me via por mais de um motivo, e nem era pelo físico. Minha imaginação, me traindo e distraindo. Perguntando-me porque não eu.
  Os dias por aqui vem passando no que parece ser uma eternidade e um piscar de olhos. Confesso que á não tenho mais paciência pro academico com o fim do ano tão proximo - o motivo de uma Written task mal feita numa cabeça destraida e pouca importancia para um Paper 1.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Porque no tengo ganas

  Não são muito altas as espectativas que tenho por aqui: minhas notas, bem na média, não me satisfazem mas também não ocupam muito tempo em meu pensamento, o que me levou deixar historia de lado e assistir 'When Harry Met Sally' com Vilde (Noruega, roommate) e Valeria (Espanha, roommate) mesmo eu odiando filmes. Dormimos as três antes da metade do filme, juntas na cama conjunta que eu e Vilde bolamos. Foi assim sem nenhuma pretensão tambem que em meio a noite Vilde e eu surrupiamos uma mesa da biblioteca para nosso quarto, o que gerou muitas risadas e um quarto que cada vez parece mais meu, nosso.
  Com muita sinceridade mandei uma mensagem para o francês, um hang out marcado para o dia seguinte e um convite de ir sempre ao seu quarto, como nos velhos tempos.
  Meu dia, que ia uma desgraça, rendeu ao conversar com Alice (Irlanda, meio-roommate) e Vilde sobre tudo que passava. Me agradava ouvir as estorias de Alice e me maravilhar cada vez mais o quão fantastica ela era. A conversa, de alguma maneira, foi parar no futuro e na preocupação de Vilde em ir para Stanford. Realizei que um futuro pacato e feliz era o que eu queria: um pequeno apartamento em uma grande cidade, numa pequena faculdade seguindo uma carreira que me alegre - jornalismo, ou talvez artes - e alguem para dividir tudo isso. Nenhuma Ivy League, nenhuma medicina, nenhuma fortuna nos Estados Unidos.
  Todo tan contente, porque no tengo ganas.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Você está na minha casa, mas não é ela

  Uma nostalgia, uma brasileira saudade até diria de tempos não tão longinquos mas já tão passados me atingiram sentada numa mesa no estúdio de artes. Sentados frente a frente, ele usava a camiseta amarela que eu havia dito ser minha cor favorita e que ele havia respondido com "I'll keep that in mind", trabalhava em sua peça da qual havia se gabado.
 Seu cheiro exalava na sala, ou só em minha atmosfera mesmo - tão atenta para perceber. Seu cheiro que me lembrava do pequeno quarto em Mal País em que passei tanto tempo há não tanto tempo atrás. Queria voltar às nossas caminhadas por Santa Ana durante a noite com o pretexto de tomar um smoothie mesmo ambos sabendo que a loja estaria fechada - todas as caminhadas que nos levaram àquela noite em Puerto Viejo em que só havia seu cheiro em todo lugar.
  Peguei-me divagando tanto quanto agora, resgatada de minha memória com o "não baba" de Pietro (Brazil). Voltei ao trabalho, a conversa era leve, a atmosfera tambem; talvez minha melhor aula de artes até então. Eu trabalhava na minha peça que JuanPa (professor de artes, Colombia) chamava de Tarsila; Margot tirava fotos de seus bebês azuis demoniacos pelos quais eu era louca; Indi (Costa Rica) trabalhava com aquarelas roxas num retrato um tanto quanto impressionante; Pietro rodava pela sala à procura de inspiração; Malte (Alemanha/Hong Kong) cuidava da música da sala e dava palpites artisticos no cartoon dele. Todos sorriam e trabalhavam, felizes por estarem ali.

"If I don't fuck up this paper by the time my piece is ready, is already a miracle"
"Now tell me something you don't fuck up, Vitória"

terça-feira, 10 de setembro de 2013

And I told you to be balanced, and I told you to be kind

  Não há sinais de saída dessa bolha que não é minha. Não há rostos, não há fortalezas, não há lugares para correr quando tudo que se quer é correr. Minha língua materna vai perdendo sua conexão com a realidade e a palavra lar parece não existir no idioma desse mundo inglês/hispano hablante.
  Tudo parece tão, tão errado. Não há nada meu aqui. Não existe nada que eu possa me assegurar que é de minha posse. Não há o meu lugar, o meu quarto, a minha pessoa, o meu caderno, nem mesmo meu refrigerante. Nem tenho certeza se eu estou aqui, mesmo sabendo que tambem não estou e nem quero estar no Brasil; me perdi. Perdi tudo que tinha como certo e muito pouco me sobrou.
  Quero correr, quero gritar, quero beber - quero poder respirar novamente. Pertenco à um lugar que não me pertence e onde nada nem ninguem pertence a mim. Besta sou eu de acreditar que o mundo é muito diferente que isso aqui...
  Talvez a solução fosse apagar tudo que sequer comece com ca e Br. Apagar tudo que era e não é mais. Talvez a solução seja não ter solução e só deixar ser problema - muitas vezes o que era solução vira mesmo problema, o problema começa a ser a gente, que não deixa ser.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Mona, Max, Marcela - e mais

  Sentada do lado de fora do social center durante a festa de aniversario de Hannah (Bolivia) e me sentido incompreendida em meio a tanta gente, desci todo o caminho pelo campus até Montezuma para pegar meu diário e partir para Cahuita. Bati no vidro do quarto número #7, meu favorito, adentrando no pequeno ambiente confortável e lilás onde moravam Alisson (Canadá), Camila (Costa Rica) e Mona (Alemanha). Mona escrevia em seu diário dourado, empoleirada em sua cama , a escrivanhinha ao seu lado contendo não livros mas sim mudas de plantas sem vasos. Deitei em seu colo e despejei a confusão desarmonica que eu era. Ela riu, chorou e acolheu-me, suas frases variando de "eu entendo completamente" à "você é tão idiota". Disse que adorava o estranho fato de nos conhecermos a tão pouco tempo e não precisarmos estar juntas a todo instante para nos sentirmos amigas. Conversamos sobre as cores das nossas almas e dreadlocks quando o mais estranho sentimento me atingiu; "eu te adoro e estou adorando essa conversa", disse à ela, "mas sinto que deveria estar em outro lugar, como se o destino ou o acaso estivessem me chamando. Ela riu e disse-me para conta-la no dia seguinte onde o destino havia me levado.
  Depois de uma volta pela area resedencial, me vi de volta em Cahuita, dessa vez no número #2. La estavam Max (Alasca) e Eleanor (Holanda). Andei de um lado para o outro naquele pequeno quarto escuro advinhava o que eu falaria a seguinte, rindo do meu sotaque e do que dizia com ele. Saí de la sentindo-me contente por aquelas duas pessoas especiais. Max ainda disse "não fique triste, não gosto de te ver triste" enquanto eu fechava a porta.
  Com o peito cheio e o olhos transbordando, fui até Flamingo. Não tive que subir até seu quarto, encontrando Marcela (Brasil) sentada no sofá. Despediu-se de um amigo e abraçou-me caminhando à lugar nenhum. O vento era frio por volta da meia-noite enquanto abria meu coração para minha segundo ano e  dos nossos problemas adolescentes. Clicou. Caminhamos de volta a Flamingo onde reclamamos de torneiras que pingam e pessoas que não clicam.
  Em meu caminho de volta a Cahuita, senti-me leve. Há exatamente dez dias aqui, amo esse lugar. Por algumas vezes, não quis aqui estar, mas muito menos pertenco ao Brasil. Tampouco a pertencer. Entrei em meu quarto correndo de uma barata enquanto Alice (Irlanda), Valeria (Espanha) e Vilde (Noruega) rindo de minha entrada. Poucos minutos de conversa à luz amarela do abajur do nossos quarto terminaram com Alice nos dizendo o quão estranho é ela nos amar tanto.
  Depois de poucos minutos deitada conversando com Vilde, ela adormeceu. Foi ai que desci para meu lugar favorito para madrugadas: o sofá vermelho de Cahuita, de onde escrevo.

sábado, 17 de agosto de 2013

Alguém roubou o meu relógio

  Nunca usei relógio. Algo no ato de usar um marcador de tempo colado ao corpo é muito simbólico para mim, me faz pensar sempre nas horas e no tempo que passa, no tempo que ainda ha. Sou uma pessoa meio atemporal; apesar de ser pontual, odeio pressa. sempre gostei de transitar pelas horas, viver pela intensidade e não pela duração. Sem modas, sem épocas, somente acelerada pela vontade. Mas ha doza horas da minha partida para a Costa Rica, minha vontade era de usar um duzia inteira de relogios, todos somados e ajustados num fuso horario que me afastasse e aproximasse ao maximo da minha partida. É um tanto quanto confuso, eu sei, e extremamente contraditório. Verdade seja dita, o que eu não quero é viver esse momento. Não quero terminar de arrumar minha mala, não quero dar adeus e ver quem amo chorar, e muito menos adeuses desnecessarios a pessoas cuja a falta nem vou sentir. Odeio esses falsos adeus. São pessoas que já partiram de meu coração há tempos, mas hoje só se torna físico. Eu sei que o fisico é necessario, e vou sentir falta dele. Mas algo no choro das pessoas me deixa imensamente triste, o que não combina com o que realmente sinto.
  Querendo, não querendo. Esse é o momento. De terminar minha mala, de dar adeuses que na verdade são só até logos, de terminar esse capitulo que pode ser até o último desse livro.
  Um breve registro- sou muito feliz, estou muito feliz. Em nenhum momento questiono minha decisão ou a verdade dos meus sentimentos. Quero partir, estou feliz por partir, e me sinto aqui pela metade já. Aos que choraram a minha partida e que sentiram minha falta, só queria dizer: nunca nada pareceu tão certo.

sábado, 27 de julho de 2013

O que nós somos é o que nós escondemos

  Ando tão sensível, como se não houvesse pele alguma me protegendo do mundo,  e se tudo que me tocasse atingisse diretamente minha mente, meu coração, meus sentimentos. Tudo que acontece no mundo se aplica numa magnitude estrondosamente maior à mim, o que não é de todo ruim. Um momento de alegria rotineiro acabo por guardar como memória inesquecível, todos os bons dias são os melhores da minha vida. Mas quando não está tudo bem... As vezes me acho exagerada demais, complicada demais, a flor da pele demais. Demais.
  Historias demais. Tenho historias demais. Ninguém sabe delas um terço. E por esse motivo me sinto julgada, super exposta e mal apreciada. Sinto falta da apreciação, não sinto da exposição. No sentido figurado da palavra que é: distorção forcada. Exemplo: “essa interpretação é um estupro do poema”. Estou farta de tantas distorções, de tanto ser forçada. De tantas memórias, de tantos estupros, e de tanto falar nas entrelinhas . Tanto.
  Nunca me senti tão bem comigo mesma, tão mal comigo mesma. Estou precisando de reformas, mas não sei fazê-las sem uma terceirização por menor que seja. O vândalo da minha fachada se foi, a dona da casa está de luto, o possível futuro pintor mudou de profissão. Virou reparador de outro tipo ou foi pintar telas puras e bonitas?

  Não suporto mais esse luto, essa cor preta que emagrece e me faz tão mal. Quero usar branco, quero ser pura. Não posso usar branco.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Botando para fora: bota-fora.

  Final de semana passado aconteceu o Bota Fora UWC Brasil. Que fim de semana... Me sinto estranha, escrevendo aqui de maneira totalmente descritiva. A verdade é que nenhuma palavra expressara a magia daqueles momentos, daquelas pessoas. Mas a descritiva é o que me resta:
  A Let (RCNUWC 13-15) chegou no dia 17 e dormiu aqui em casa. Rimos e conversamos até as quatro da manhã, como se realmente fossemos amigas ha anos (ele é negro?).

Let e eu, na praça da Sé, provando que existe amor em SP.

 No dia seguinte, nos encontramos com Sofia (UWC Mostar 12-14) e Pietro (UWCCR 13-15) no metrô, nosso ponto de encontro com Fábio (UWCSEA 13-15) e Noleto (UWC Mostar 13-15) e fomos para a casa de Pietro, onde esperamos Tati e Wesley (UWCAD 13-15). Resolvemos por passar o dia lá mesmo. Foi maravilhoso. Nunca em minha vida havia eu encontrado pessoas com quem eu podia discutir politica por duas horas e falar merda cinco minutos depois. Só faltou a Loui (MUWCI 13-15).

Fábio, Noleto, Tati, Pietro, Let, eu, Wesley e Loui.


  No dia seguinte que o bota-fora realmente começou. Uma enxurrada de rostos conhecidos que eu na verdade, não conhecia. Uma Sofia com uma cartolina nas mãos e correndo com suas pernas curtas pela nossa cidade em que me senti turista, envergonhadamente. É tão pouco, tão pouco que conheço da minha própria terra e estou a partir...
  Achei linda a preocupação dos que estavam organizando o bota-fora pra que ele desse certo. Mas a verdade é que, não precisava de nada. O que me capturou foram as pessoas, aquele sentimento em comum que todos dividiam. As coisas boas da vida são tão, tão simples. Me surpreendi, meio besta, ao perceber que o que eu queria escrever aqui, o que queria deixar registrado e passar para quem quer que leia são as coisas mais simples. Aqui fica a minha pequena lista de coisas para não esquecer:
  • o "nem vai rolar" do Noleto;
  • a umbanda. Que é uma religião 100% brasileira 
  • dançar com Wesley no mercadão
  • coroa norueguesa de Kelly
  • comer a outra metade de tudo que Pietro come
  • piadas de Juiz de Fora
  • o "tô rachando" da Silvia
  • risada da Kelly
  • comer grama com o Flávio
  • golden boy
  • o pequeno inteiro da Sofia; todo ele
  • Clara e sua polaroid hipster e suas maneiras amáveis
  A verdade talvez seja é que não quero entrar em detalhes sobre o bota fora porque quero monopolizar toda essa beleza e todo esse amor somente para mim e quem viveu isso comigo. Guardar nas minhas memórias e nos meus particulares o que foi esse momento único que, diferente do que eu imaginava, não me pareceu um 'tchau', e muito menos um fim. Foi um começo. Um 'olá', uma simples iniciação ao mundo que venho vivendo e só parece crescer. O começo de um infinito, do meu infinito. E eu me senti assim: infinita.

 co anos e segundos anos

co anos amados: Let, Fábio, Pietro, eu, Wesley e Noleto


















quarta-feira, 19 de junho de 2013

O pote

  "Por que todo mundo fala que quer me colocar em um pote?!", ela falou em um dia qualquer. Eu ri, no dia era só uma piada mesmo. Tornou-se real, posteriormente. Ah, aquela grande, grande pessoa e tão diminuta. Eu não entendia na época o quanto a piada se tornaria algo sério para mim.
  É estranho, esse egoísmo do ser humano de querer privatizar tudo que gosta, fazer daquilo só seu. Eu não era menos humana e mundana que ninguém, mas ao ver seus olhos pela primeira vez foi que entendi que estava errada. Por mais que meu desejo fosse rouba-la só para mim, contar-lhe tudo, ouvi-la por horas e nunca dizer adeus, não era isso que eu devia fazer. Nem queria, no fundo no fundo. Olhei para ela, que se encontrava por breve tempo em meu pote em uma fria tarde na bolha e vi que ela não era minha, nem dele, nem dali e nem daquilo. Ela era do mundo. E eu também era - eramos tão aparentemente diferentes e realmente parecidas. Talvez eu a visse com olhos quase cristãos, de uma maneira que havia aprendido recentemente a ver todos: era só uma imagem ali na minha frente, um reflexo do todo que era. Era uma imagem, como cristãos veem a imagem de um santo. Mas eles não precisam da imagem do santo para sua fé perdurar, da mesma maneira que eu não precisei da imagem para meu amor nascer e viver.
  Me é conforto saber que, mesmo que longe, ela está por ai, no mundo, no seu canto do mundo. Está por aí fazendo pelos outros o que faz por mim, e isso me alegra. Esse é o porque de termos nos encontrado, afinal. Fecho meus olhos e posso imaginar sua risada que por pouco tempo encheu meus ouvidos e causou a minha, e é isso que eu desejo para o mundo. Não te quero parcialmente feliz na bolha e muito menos presa no pote. Quero é poder observar-te voar alto daqui do meu baixo, já que estou só a começar.

À minha querida; assim como ela me chama, assim como ela é.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Sale el sol


  Meu novo sol é metaforico, mas hoje nada brilha mais que ele.
  Meu sol é aquilo que vou observar de longe num dia qualquer e deixar que esquente meu corpo frio com seu calor, mesmo que distante como me encontro do céu. O meu sol é o que admirarei por sua grandeza e brilho, aquilo que me lembrarei toda vez que me esquecer de onde venho a caminhar. O meu sol é a minha mãe, a Giulia, o Victor, a Mariana e a Julia.
  Meu sol é a Sofia, que tem o tamanho de um satelite numerado e a importancia de um sistema solar inteiro, que me disse que quem acreditava sempre alcançava e que o sol ia voltar mais uma vez.
  Meu sol é todos os plutões que ficaram para tras e não são mais nomeados pelos cientistas. No coração e na mente das crianças, plutão sempre vai existir. Meu sol é tudo aquilo que não coloquei na mala mas é minha bagagem e que levarei comigo de alguma maneira. Meu sol é a Isabela, a Mariah, a Bianca, o Lucas, a Júlia Mendes.
  Meu sol é aquilo que vejo chegar cada vez mais perto desse foguete em disparada onde estou, a grama verde e distinta que avisto da janela do avião. Meu sol é a Marcela e o Andre.

  Meu sol são os sóis que acabam de se por, para no seu próximo dia nascerem ainda mais brilhantes. Meu sol é a Raísa, a Sameah.  Olho para o meu lado, e o sol esta lá. Não sou sol sozinha, e mesmo ele sendo brilhante como o Sol e tão constante quanto nessa jornada, é um pedaço da minha terra que tive a sorte de poder levar comigo. Meu sol é o Pietro.
  Meu sol são os meteoritos que dele se desprendem e se perdem com direção certa pelo mundo, levando a luz desse nosso sol por ai. Meu sol é a Leticia, a Tati, o Wesley, a Louise, o Noleto e o Fábio.
  Meu sol não se deu gradativamente como nasce nas montanhas pela manha. Meu sol entrou na mnha vida de sopetão e plantou em mim essa semente que me trouxe a vida. Meu sol é a Julia Athayde.
  Meu sol custou a nascer. Precisou de muito fogo para acender e queimar brilhante como hoje faz. Meu sol só existe graças aos que me deram combustivel para mante-lo. Meu sol é o meu comitê.
  Sofia estava certa. Hoje sai o meu sol, nasce para o mundo inteiro ver. Hoje isso se torna oficial. Em dois meses embarco para a Costa Rica, representando o sol, em nome do sol, com os meus sois, pelos meus sois. E ele brilha que doi, brilha ao ponto de me deixar cega, louca pela insana alegria de me queimar em toda essa luz. Sou Icaro e abraço o meu sol, embebida pela divindade de ter agora asas para voar, asas que nada podera tirar de mim. Hoje, eu viro sol.