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quinta-feira, 22 de maio de 2014

I love you but you're bringing me down

  Lino (Alemanha) entrou em meu quarto sem bater anunciando que iamos comprar um leite que acabamos por não comprar. Trocamos uma conversa rápida quando percebeu mais outra coisa que parecia ser uma tradição entre nós e saiu do quarto me xingando enquanto ria. Me vi completamente sem palavras quando Evan (Canadá) anunciou meu nome depois do de Amy (Canadá) e Lino me presenteou com uma pequena caneca e o abraço que se tornou meu favorito de todo o mundo. Tomei uma eternidade de café numa comemoração enquanto Lino sussurrava que a melhor parte de ter o Evening Cafe é poder tomar o quanto quiser de graça. Um misto de total alegria e profundo abandono tomou conta de mim, junto com o medo de não fazer jus a duas das pessoas que mais amo neste mundo e a essa coisa tão especial. Soquei um Evan com um olhar nostalgico, como de alguem que já dizia à algo. Me senti mais uma vez abandonada e exclamei o quão injusto era ele me dar de presente algo tão maravilhoso mas que me fará pensar dele e sentir sua falta todos os dias. Me respondeu com um 'de nada, isso era parte do plano'.
  De alguma maneira foi algo que acalmou meu coração. Andava tão perdida, tão incerta achando que era uma completa falha, questionando até se esse lugar era para mim, mas percebi que talvez estava olhando para os aspectos errados. No Brasil tinha o melhor inglês entre meus amigos, mas quando meu grupo de amigos começou a se compor por canadenses, americanos, britanicos e irlandeses e tomei English Lang & Lit HL percebi que não era tão boa assim. A Vitória que chegou aqui obviamente não é a mesma que em uma semana parte, e não só cresci como também grew apart de muita coisa. De muita gente. Descobri diversas facetas de mim mesma que podem ser que não me agradem tanto, mas são tão reais. Quando todo mundo gritava 'discurso' e eu não sabia o que dizer, contei como aprendi a apreciar café aqui no colégio e que Lino havia feito meu primeiro café. Agora me vejo em cargo de um café, que me vale muito mais que coisas que eu valorizava tanto no começo. Que talvez até não fossem reais.
  Cada momento aqui parece ser uma certa conclusão, não só falando sobre meu primeiro ano no UWC ou no IB. Conclusões pequenas como a parede do meu quarto que se vê tão fazia, os olhos agridoces e já saudosos de Evan e sentimentos que já não existem. As férias devem estar aí para encerrar essa fase não só escolar como tambem pessoal. Para aprender a viver sem poder gastar meu conversando com Marcela (Brasil) na cama até tarde da noite e que é muito provável que a noite anterior foi a última delas. Cantar uma última música com minha fámilia brasileira e perceber que por mais que esse sentimento me tenha sido tão essencial no meu primeiro ano, não me parece tão ruim não ter-lo no segundo. Que se as pessoas são lares, é possível se mudar como qualquer outra casa. Um último abraço em um momento especial para perceber que as coisas mudam, por mais triste que seja. As caixas de som que Alice me deixou de presente, vindas de sua ex colega de quarto, agora no meu. Que por mais perdida que eu esteja, devo estar forte por que chega ano que vem. Os mil itens que dividi com Valeria por um ano todo e alguns que resolvemos deixar uma pra outra como os meus sapatos da felicidade, que mesmo ela se recusando a aceitar pelo que representam para mim, me parece justo que ela os leve. Porque ela é a minha representação de felicidade e porque tenho esse certo sentimento egoísta de que ela se lembre de mim e sinta minha falta.

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