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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Há algumas noites atrás, só havia o som das minhas botas

  Descia quatrocentos metros da Igreja sozinha. Sozinha, sola. Um vento gélido que entrava pelos microfuros da minha camiseta as onze da noite. Deitei no campo vazio, barriga virada para o céu. O céu que aqui na Costa Rica me parece uma cúpula baixa, tão proxima da terra. Questões hemisferiais ou sentimentais. O céu em São Paulo me parecia longinquo, distante, à parte. Não existe amor.
  Mas essa visão de cúpula me faz pensar que o mundo é menor, que a distancia (seja emocional ou física) é menor. Me conforta. Porque dentro dessa cúpula está tudo que eu posso um dia almejar e me parece bem mais alcançavel. Não me sinto tão longe e tão ilhada. Até um pouco mais amada.
  Menos quatrocentos metros depois,  estava no calor do meu quarto, o abajur deixava tudo um tanto alaranjado. O quarto alaranjado não é tudo que há, assim como não pode ser que você seja tudo que há. Até porque, como as luzes do natal que já passou, boa parte de você anda queimando e já nao pisca. 1000 estrelas talvez sejam só 999 e isso pode não ser suficiente. Talvez exista até 1001.

"Mãe, eu sei que ainda guarda mil estrelas no colo. Eu, muitas vezes, acredito que mil estrelas são todas as estrelas que existem"





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